Reforma de Wagner: Oposição entra na Justiça tentando queimar líder com governo

18-05-2011 07:53

 

 

Num discurso milimetricamente estudado e levemente irônico, o líder da oposição na Assembleia, deputado Reinaldo Braga (PR), anunciou hoje na Casa que a bancada entrou oficialmente na Justiça contra o texto da reforma administrativa do governador Jaques Wagner (PT) que criou quatro novas secretarias, fundiu órgãos e ampliou o número de funcionários do Estado.

Sutil, Braga deixou nas estrelinhas uma mensagem: a de que o governo só enfrentará o questionamento judicial por parte da bancada porque agiu de forma truculenta e colocou sua vontade acima da Constituição. O argumento das oposições continua o mesmo, assinalou o líder: as mudanças na máquina estadual aprovadas pela maioria governista na Casa jamais poderiam ter sido incluídas, de última hora, no parecer do relator, o deputado João Bonfim (PDT), porque são privativas do Executivo.

Entre os oposicionistas, houve quem visse no discurso de Braga um tiro certeiro no pé do líder do governo na Assembleia, o petista Zé Neto – um lance insuficiente para matá-lo, mas com dimensão para azedar-lhe a relação com o governador a partir de agora. Zé Neto teve desde o início a sua indicação para o posto questionada, nas duas bancadas, por causa do temperamente explosivo, mas vinha mantendo-se bem no exercício do cargo até decidir avançar como um trator com a tropa governista sobre a oposição a fim de aprovar rapidamente uma reforma que se arrastava na Assembleia por culpa do próprio governo.

Desprezou todos os sinais para um entendimento com os colegas da oposição e até um acordo de cavalheiros com os oposicionistas conduzido pelo presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT), que dilatava o prazo para a aprovação da matéria, mas a assegurava, aproveitando-se do fato de que o governador encontrava-se fora do Estado resolvendo problemas particulares.

O resultado do enfrentamento foi parar na Justiça e pode, na hipótese de o governo vir a ser derrotado, no que os oposicionistas confiam plenamente, colocar por terra todo o esforço do Executivo de ganhar tempo para mudar a estrutura da máquina estadual. Na opinião de deputados do governo e da oposição, Braga saberia que Jaques Wagner foi mais ou menos “ludibriado” ou induzido a “erro” ao dar suporte à estratégia do rolo compressor que garantiu a aprovação da matéria.

O movimento teria sido interpretado como o momento mais desrespeitoso de toda a gestão Wagner em relação ao Legislativo. Por isso, o líder oposicionista, atendendo a uma estratégia dos colegas de bancada, estaria fazendo questão de atuar deliberadamente no sentido de fragilizar a relação de Zé Neto com o governo. As chances de conseguir o intento, dizem os colegas de Braga, seriam de 100%. O tempo dirá se o líder do governo pode ser responsabilizado sozinho